Nota de reflexão sobre "A moda do fundo da garrafa de plástico".
Tenho vindo a observar ao longo das últimas semanas, nos fóruns portugueses da praça, o crescimento de um movimento, uma moda, uma estupidez, ao que parece contagiosa, que consiste na execução de uma espécie de plantado/paludario numa garrafa de plástico.
Vi o primeiro aparecimento deste estranho fenómeno e pensei para mim: "isto passa-lhe!".
Quando não é o meu espanto ao observar não a ridicularização da "coisa" mas antes pelo contrário, assisti ao aparecimento em género de moda de uma panóplia destas "coisas".
Perante isto faz sentido perguntar: É a estupidez contagiosa? Ridículo, simplesmente ridículo.
É triste verificar a degradação de uma arte milenar coma a do Wabi kusa.
É por estas e por outras que tenho algum receio desta globalização, perdem se culturas, perdem-se ideais, perdem-se valores, fomentamos a banalidade, a laranja bela por fora, seca por dentro.
Apelo ao bom senso de cada um.
Abraço,
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4 comentários:
Olá Rui, como passa? Postei umas fotos no meu blog sobre um wabi kusa que fiz, mas agora fiquei em dúvida se é um wabi kusa. Num post do blog Xylema, diz-se que wabi kusa é uma bola de musgo, portanto na montagem que fiz fiz uma bola de musgo envolvida de areia e plantas. Pode me explicar melhor então o que vem a ser um wabi kusa e postar links de fotos de wabi kusa? Abraços amigo.
Viva Gustavo,
Começo por agradecer mais uma vez a sua participação neste blog, nomeadamente neste post tão particular e de reflexão pessoal.
De facto, como as coisas tendem hoje em dia a ficar, nem eu próprio sei muito bem o que é o Wabi Kusa. Você fala em “bola de musgo” então eu pergunto, comer um hambúrguer em casa é a mesma coisa que comer um hambúrguer no Mcdonald’s? Ver um derby de futebol na televisão é a mesma coisa que estar assistir ao jogo ao vivo no estádio?
Pois é, o objectivo da minha reflexão é mesmo esse, alertar para o facto de que um rótulo igual não quer dizer necessariamente que o conteúdo seja também igual.
Vamos puxar a arte do Wabi Kusa, para outra arte bem mais conhecida como é a do Bonsai. Você acha que uma árvore dentro de um balde de plástico sem qualquer tipo de preocupação estética e até mesmo ética e moral é considerado um Bonsai? Da minha perspectiva não! Todo o conjunto é importante para definir a arte em si mesma.
Assim, o que está acontecer em Portugal, é a profanação dessa arte Wabi Kusa, pois certos indivíduos sedentos de popularidade começaram a tentar inventar novamente a roda, algo que já foi inventado à muito tempo, o problema é que estão a inventar uma roda com pneu furado.
A minha percepção diz me que é racionalmente e esteticamente degradante observar tentativas de Wabi Kusa em garrafas de plástico cortadas ao meio, sem qualquer sentido estético.
O meu problema aqui é mesmo a garrafa de plástico. O plástico a meu ver já é um material daqueles que não se encaixa muito bem neste tipo de artes milenares orientais, muito menos quando alguém resolve simplesmente cortar meia dúzia de garrafas de plástico e tenta fazer disso uma obra de arte.
Como disse no post, é a laranja bela por fora mas seca por dentro.
Entendi perfeitamente Rui, para que as artes milenares não sejam destruidas é necessario que pessoas com senso e orientação façam a arte corretamente, alertando para os erros e as grosserias e banalização, abração!
Oi Rui,
Confesso que depois de ler o seu relato me senti até um pouco culpado. Mas verdade seja tido, muito se "falado" de wabi kusa, mas pouco se tem dito sobre o que vem a ser wabi kusa e quais seus significadose implicações.
Wabi kusa é uma das muitas artes japonesas que envolve arranjos com plantas, diferente do Ikebana, no Wabi Kusa as plantas são mantidas vivas, em cultivo, além disso há um outro elemento: água.
Wabi quer dizer estado de espírito, sobriedade, simplicidade e humildade, como podem observar o Wabi não é algo simples, é uma filosofia de vida. Kusa, de acordo com o dicionário, quer dizer erva, mato.
http://naturacqua.blogspot.com/2005_07_01_archive.html
Wabi kusa, portanto, é a vazão artística representativa de um estado de espírito, contemplativo em sua essência, onde a simplicidade abre as portas para a apreciação do mundo natural.
É difícil tentar transmitir esse conceito para ocidentais, pricipalmente os latinos, tão desapegados de questões espirituais mais aprofundadas.
Traduzir wabi kusa como bola de musgo é um erro crasso, resumi-lo a plantinhas dentro de garrafas, tenho que concordar, é uma idiotice sem limite.
Alex Ribeiro
www.xylema.net
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